
AMANHECER
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Memórias incabidas, versos inculcados,
Medos incutidos, vaso inquebrado,
Morte desvivida, noite inebriada,
Dor final, terrores imputados,
Sem final as trovas tidas desviadas
Nem farol as sinas desditas guiadas,
Quem revezes tantos sobreviveria
Vida à margem no fio da navalha
Se pudesse, meu amor, te existiria
Entre os fatos tão marcados
Por mil vezes no piscar dos olhos teus
(Teus) vazios, se me achego, são mais que
Jazigos onde tecem urdiduras dos
Destinos que minha alma omitira
Quadra rota, amarga rota da minha sina
Tudo vale, tudo vem e tudo vai embora
É quase a despedida de um alguém que chora
Risos tão bem-vindos, vem que não demora
Já virou o dia, a noite esvaneceu
E a flor que nos unira já brotou
Não sei dizer se o ocaso vem
Mas vou viver no belo acaso teu
Em mares de papel, castelos desenhados,
Um arco a colorir meu céu.
É meia-noite, a vida se inicia
Nos finais que o tempo nunca policia
Vem comigo, vem, vamos fugir do dia
Às claras moitas onde nem açoite pode
Encontrar as nossas peles tão marcadas pelo
Sol que nos resgata os vales onde nos
Deitamos ante a ampulheta sem saber
Que o amanhã viera ontem
Se pudesse, meu amor, te trovaria
Como rouco canto alado
Subiria para estar ao lado meu
(Meu) sentido, desvalido, mas jamais
Perdido, fogo clandestino, sei que o teu
Cantar me guia pela íngreme ravina
Anda em mim, o teu sorriso brilha
Novamente sente a força desse nosso
Sentimento, mente incandescente,
Grito itinerante, o topo da montanha
No nosso retrato cerra o marco de um passado
Vem comigo que o futuro começou
Não sei dizer se o teu final sou eu
Mas sei que nós demos início aos dois
No grão que já morreu, na pétala nascida,
Como opostos que são umCanção do nosso amanhecer