ESCALER

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Cor e aço,
sem cantil e palha
à luz do sol do mar

Sal e lama,
um vespertino azedo
que já vem raiar

Dez pras luas
que nos movem
mais perto do jatobá

Foice em cravo
e coração marcado
em espatódeas rosas, verde-anis

E um céu azul
cheio de histórias banais,
pardais e mel

Corte em braço,
sem redil e mato
à treva e trevo ao ar

Sombra e alho,
um gosto rútilo
do verbo teu provar

Sem das secas
a goteira torta
do que vem de lá

Pena e papirosas
nostalgias no silêncio extinto,
tinto, findo, feliz a rufar

Teus olhos já não
contam mais nada,
é violência a gritar

​As horas não passaram
com a maré,
mas nós sim

Trotando a primavera azul,
cantando o sustenido além

Das outras primeiras desditas
que se vão pousar

Mas o sinal fora marcado
e a trombeta já soado

Quando o fogo vinha
a leste do escaler

Meu adeus foi teu

Cor e laço,
à luz hostil da malha
ao som da espada ao ar

Sal e flama,
o cáustico remate
ao dia enlevar
(ao dia enlevar)

Grãos e planos
pro almoço às onze
embaixo do pomar

Livro em punho
(liberdade)
e coração marcado
(doce coração)
em sombras claras,
luzes, prantos,
​cruzes, tragédias

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