Quando a luz faltar aos olhos teus,
E o breu te amedrontar qual face a ruir,
Vem que eu te acenderei nos olhos meus.

Quando o som das dunas se afracar,
E a surdez ecoar sem compaixão,
Vem que eu te falarei ao coração.

Anjo de minha vida, eu te abraço em meu calor,
Beijo a tua fronte e digo que está tudo bem,
Pego a tua mão e te conduzo ao sol nascer.

Quando a púrpura flor se embotar,
E das memórias o aroma fugir,
Vem que eu te inspirarei em meu falar.

Quando a mão vigor não mais tiver,
E as pernas frágeis tropeçarem no fim,
Vem que eu valerei o ar teu que há em mim. 

Que são dez mil passos se eu vou te ver sorrir?
Que são cem mil vidas se eu vou te ver me amar?
Que são céus e mar se ao meu lado estarás?

Quando ao gosto o acre dominar,
E o amargor de outrora às dores reviver,
Vem e da minha boca toma o teu ser.

Anjo, anjo meu.
Anjo, anjo meu.
Anjo, anjo meu.
Anjo, anjo meu.
Anjo, anjo meu.
Anjo, anjo meu.